Thais Marcondes Ferraz - Bióloga
Inicialmente, para responder, deve ser esclarecido para qual espécie está direcionada a pergunta, pois são, pelo menos, três espécies mais conhecidas como aroeira no Brasil. A Schinus terebinthifolius (foto 1), a Schinus molle (foto 2) e a Myracrodruon urundeuva(fotos 3 e 4), todas da família Anacardiaceae e de ocorência em boa parte do Brasil. Há outra aroeira da família, que pertence ao gênero Lithraea.
Foto 1. Schinus terebinthifolius
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aroeira-vermelha
Foto 2. Schinus molle L.
Fotógrafo: Rosângela Gonçalves Rolim
http://www.ufrgs.br/fitoecologia/florars/open_sp.php?img=5477
Fotos 3 e 4. Myracrodruon urundeuva
http://en.wikipedia.org/wiki/Myracrodruon_urundeuva
Dentre estas aroeiras, a S. terebinthifolius se destaca na saúde por ser considerada, como fitoterápico, um medicamento eficaz como antimicrobiano, como cicatrizante e indicado, inclusive, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Também, é utilizada na cosmética. Além de denominações combinando a palavra aroeira, como, por exemplo, aroeira-mansa, aroeira-do-sertão, aroeira-brasileira, aroeira-da-praia, aroeira-do-brejo, aroeira-do-paraná, aroeira-pimenteira e aroeira-vermelha, é também conhecida por pimenta-rosa. Este último nome dá a dica de que é também considerada um condimento.
Na culinária, possui grande utilização na decoração de belos pratos, ou tornando o prato mais aromático, como quebrando as sementes e permitindo que elas exalem um cheiro doce e picante. A aroeira não possui a ardência das pimentas tradicionais. Nos Estados Unidos, a espécie ainda é ornamental, utilizada principalmente em decorações de Natal - por isso, lá recebeu a denominação de “Christmas-berry”.
A S. molle, também denominada, por exemplo, aroeira-salsa, aroeira-salso, aroeira-folha-de-salso, aroeira-mole, aroeira-periquito e pimenteiro, possui fama apenas como medicinal, mas são encontradas algumas referências na internet como condimento. Com relação aos usos terapêuticos, S. molle possui propriedade antiespasmódica, anti-reumática, emenagoga, antiinflamatória e cicatrizante (PIVA, 2002). Em experimento realizado por Santos et al. (2010), o óleo de S. molle foi eficaz contra os fungos fitopatógenos Alternaria spp., Botrytis spp., Colletotrichum spp. e Fusarium spp.
A M. urundeuva recebe principalmente as denominações populares aroeira-preta e aroeira-do-sertão. Por ser resistente aos cupins e fungos, é muito apreciada como madeira, e devido ao teor de tanino é usada para curtir couros, o que tem comprometido sua população, correndo o risco, inclusive, de extinção. Não é utilizada como condimento, mas se destaca medicinalmente na população, pois tem amplo uso para problemas de pele.
No nordeste do país ela é mais utilizada como banho de assento no período puerpério (após o parto), devido à ação anti-inflamatória da substância chalconas diméricas. Pode-se fazer utilização também para afecções cutâneas, problemas no aparelho urinário, e ter ação cicatrizante.
Pesquisas publicadas sobre a planta são poucas, mas uma revelou que esta aroeira e aS. terebinthifolius apresentaram redução das hemorragias gástricas e do trânsito intestinal em camundongos (CARLINI et al., 2008).
Referências
CARLINI, E. et al. Antiulcer effect of the pepper trees Schinus terebinthifolius Raddi (aroeira-da-praia) and Myracrodruon urundeuva Allemão, Anacardiaceae (aroeira-do-sertão). Rev. bras. farmacogn., v.20, n.2, p. 140-146, 2010.
CARAMICO, T.; PRATES, H. Guia de plantas medicinais. n. 3. Editora online, São Paulo. 2011.
PIVA, M. G. O caminho das plantas medicinais: estudo etnobotânico. Mondrian, Rio de Janeiro. 2002.
SANTOS, A. C. A. et al. Efeito fungicida dos óleos essenciais de Schinus molle L. eSchinus terebinthifolius Raddi, Anacardiaceae, do Rio Grande do Sul. Rev. bras. farmacogn. [online]. 2010, vol.20, n.2, pp. 154-159.
TOLEDO, A. Plantas que curam. Revista Saúde. Ed. 329. Editora Abril, São Paulo. 2010.