BOLDO EM EXCESSO FAZ MAL
Publicado em 27.06.2007
Botânica Maria do Carmo de Caldas estudou o efeito do extrato de folhas e raízes da planta em camundongos. O resultado é que, em sete dias, animais tiveram a função hepática comprometida
Chá de boldo em excesso pode fazer mal à saúde. A constatação foi feita pela pesquisadora da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) Maria do Carmo de Caldas, que encontrou efeitos tóxicos em extratos produzidos com folhas e raízes do boldo nacional. Os testes foram realizados em camundongos (ratos de laboratório), que tiveram rins e fígados afetados. O estudo serve de alerta para os que costumam tomar o chá da planta por tempo prolongado.
Professora de botânica e bióloga, Maria do Carmo de Caldas produziu extratos hexânicos, acetônicos, clorofórmicos, metanólicos e aquosos a partir de raízes, caules e folhas de plantas coletadas na Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA), no Bongi, Zona Oeste do Recife. As partes do boldo do Brasil, conhecido pelos cientistas como Plectranthus barbatus, foram desidratadas em temperatura ambiente. “Utilizei solventes de várias polaridades para comparar os resultados. Incluí a água na lista por causa do uso popular em fazer o chá com as folhas”, explica.Ela verificou que os extratos das folhas produzidos com água, como o chá, e das raízes, obtidos a partir do metanol, causaram inflamações e edema generalizado no fígado, afetando a função hepática dos ratos em sete dias.
“No caso dos rins, foram constatadas diminuição do espaço urinário e redução do lúmem dos capilares urinários, o que levaria a insuficiência renal nos animais. Não havia nenhuma publicação na literatura científica que indicasse essa característica do boldo. Por isso, recomendo a utilização cautelosa da planta na forma de chás, devendo ser evitado o uso freqüente e por tempo prolongado”, orienta a pesquisadora que fez da pesquisa tese de doutorado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ainda são realizados estudos para identificar as composições químicas dos extratos.
A professora analisou ainda a atividade antimicrobiana, com bactérias, fungos e leveduras, e a capacidade do material de matar células cancerígenas, como carcinoma de pulmão humano e tumor primário de laringe humana. Um tumor experimental de mama, chamado Sarcoma 180, foi implantado nos camundongos para verificar a atividade antitumoral dos extratos. Os testes de atividade mostraram que o extrato metanólico obtido das raízes do vegetal reduziu o tamanho dos tumores tratados em até 53%, mas não atingiu o percentual exigido pelo Instituto Nacional do Câncer, maior que 58%.
Os estudos foram iniciados durante visita da professora a Rio Formoso, no Litoral Sul do Estado, há sete anos.