A margarina é um produto muito didático quando queremos avaliar de que forma o poder da indústria e da mídia ligada à ciência médica consegue fazer de um produto praticamente não alimentar algo que lota as prateleiras do supermercado e ainda consegue se fazer passar como elemento de incremento à saúde por proteger o coração, baixar taxas do mal falado colesterol (um elemento corporal incrivelmente demonizado, pois sua demonização atende ao interesse farmacêutico- ainda escreverei sobre) e outras benesses.
Em primeiro lugar deve ficar claro que a invenção da margarina, não se deve a preocupação de encontrar um substituto mais saudável que a multissecular manteiga. Sua criação data de meados do século XIX (1869), época em que a discussão alimentar estava longe da vigília científica. Sua inspiração não poderia ser mais pragmática: encontrar um substituto mais barato que a manteiga, visto que o gestor deste desafio, Napoleão III lidava com grave crise econômica em suas fronteiras. Seu nome “margarités”(grego) significa cor pérola, e sua origem é do reino animal – uma mistura comprimida de gordura do sebo de vaca, leito desnatado, partes menos nobres do porco e da vaca e bicarbonato de soda. (Como se sabe a manteiga é nada mais do que leite e sal – super artificial, não?). Em 1890, uma empresa americana começou a vendê-la em pacotes, embora uma família holandesa tenha sido a primeira fabricante para a Europa.
Os componentes da margarina tem se modificado com o passar do tempo, mas foi principalmente após a sedimentação da indústria química alimentar, que iniciou uma guerra santa contra a gordura saturada e os produtos de origem animal, que a margarina ganhou a composição mais próxima da atual, baseando-se em extratos oleoginosos vegetais. Seu processo atual inclui o uso de solventes de petróleo (geralmente o hexano, que é bem barato), ácido fosfórico, soda, que resulta numa substância marrom e mal cheirosa, que sofre novo tratamento com ácidos clorídrico ou sulfúrico, altas temperaturas e catalisação com níquel, que deixa o produto parcialmente hidrogenado. Resta então um produto de ótimo prazo de conservação, com textura firme mesmo a temperatura ambiente, que não rança, não pega fungos, não é atacado por insetos ou roedores. Enfim é um não-alimento.
O processo todo acaba por formar uma substância rica em um tipo particular de gordura chamado “trans”, insólita na natureza e de efeitos nocivos para o homem, além disto, como é de conhecimento público o principal predicado da margarina é ser rica em óleos poliinsaturados, que hoje, já se sabe, contribuem para um grande número de doenças.
O Estado de São Paulo, já noticiou em 14/11/99, que a gordura da margarina causaria mais danos à saúde que a gordura saturada (segundo o FDA, órgão americano de fiscalização de alimentos e remédios). Em uma revista Exame, também de 99, saiu um artigo um pouco mais extenso e grave alertando sobre os perigos deste produto, e das implicações que as poderosas multinacionais americanas estavam sofrendo no próprio país por colocar no mercado produtos comparáveis ao cigarro em termos de periculosidade! (Mas que gera mais de 8 bilhões de dólares). Note que as publicações não são novas, ou seja, já se sabe h[a muitos anos dos problemas relacionados a este produto e o curioso é que a repercussão no Brasil é escassa. (Mas não é de se estranhar, afinal qual é a participação da soja no PIB brasileiro?). Há uma farta literatura disponível para quem quiser se informar sobre isto em revistas de saúde e na Internet, produzida por estudantes sérios e descompromissados com os quem costumeiramente patrocina as investigações técnicas: laboratórios e indústrias químicas alimentares. Na França uma revista de informação – “L’Ere Nouvelle” – ganhou uma ação contra o sindicato dos produtores de margarina local, que a havia processado por publicar o artigo “A margarina e o Câncer”.
Resumidamente, a margarina, pode estar relacionada comprovadamente a disfunções imunológicas, danos em fígado, pulmão, órgãos reprodutivos, distúrbios digestivos, diminuição na capacidade de aprendizado e crescimento, problemas de peso, aumento no risco de câncer, e principalmente: transtornos do metabolismo do colesterol, incremento de ateroesclerose e doenças cardíacas. A margarina promove o que ela se propõe a tratar!
Não há dúvida: não há nada mais saudável que a boa e velha manteiga, que acompanha a humanidade há dezenas de séculos,pode ser feita artesanalmente no ambiente familiar, e só foi considerada nociva e politicamente incorreta após a revolução industrial, que também aqui conseguiu deformar nosso entendimento de saúde e bom senso. Obviamente estou comparando os dois elementos aqui, pois estou deixando de fora uma discussão que também seria grande a respeito do problema da Lactose e dos derivados do leite (leia sobre o mito do leite neste artigo que escrevi)
E aí meus amigos, de nada adianta incrementar a margarina com os tais enriquecimentos, pois o problema é na base deste “alimento”, além do fato de que nunca aconselho que vocês escolham e comprem alimentos atraídos pelos fatores enriquecidos, pois na grande maioria das vezes são utilizados nutrientes de péssima qualidade só para marketing. Peguem por exemplo o “cereal” mais famoso do mundo, onde o enriquecimento de ferro é feito com fero metálico, olhem o absurdo, pois este ferro é tóxico ao corpo, mas já que é ferro, eles colocam e isso chama a atenção das pessoas como nutritivo. E você obrigando seu filho a comer ele com leite todos os dias…
Faça um teste simples, deixe um pote de margarina aberto em qualquer lugar. Ao passo que nós humanos comemos e ainda somos absurdamente orientados por inúmeros profissionais de saúde a preferir, nem formigas, nem baratas irão se aproximar do pote! Com certeza deve ser um alimento saudável não é mesmo?Por último deixo 4 dicas: 1- Uma das melhores manteigas para quem tem condição de tê-la: a manteiga indiana “Ghee”, a qual não entrarei em detalhes para não me alongar, mas é melhor e mais saudável; 2- Manteiga não foi feita para colocar na panela quente e cozinhar, apesar do sabor que ela fornece a muitos alimentos, pois aí acontece uma desnaturação dos nutrientes entre outros fatores oxidativos; 3- A manteiga é rica em ácido butílico (denominação devido a sua cadeia composta por 4 moléculas de Carbono), que é comprovadamente fator protetor para câncer de Intestino, portanto se torna um nutriente ativo na Epigenética de quem tem história familiar; 4- não quero com isto incentivar a ingestão da manteiga, mas desmistificar de uma vez por todas a diferença entre a margarina e a manteiga, portanto abusos são sempre prejudiciais. Eu pessoalmente evito devido ao fator Lactose, entretanto se for para optar, NUNCA a margarina ok?
Espero que você nunca mais prefira a margarina. E como sempre digo,:a informação passada em saúde pode virar uma verdade para gerações e prejudicar a vida destas gerações. É dever de quem trabalha na saúde estudar não somente pelos livros, que muitas vezes estão desatualizados, mas sim acompanhar estudos que diariamente são realizados pela comunidade científica mundial. Estarão com certeza atualizados e então o profissional poderá reavaliar seus conceitos antes de praticá-los.
http://drvictorsorrentino.com.br
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